Cooperação Técnica Brasil – Primeiros resultados dos estudos para a transformação das estações Central do Brasil (RJ) e Palmeiras-Barra Funda (SP)
No âmbito das cooperações técnicas com os Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, dois estudos de pré-viabilidade para a transformação das estações Central do Brasil, no Rio de Janeiro, e Palmeiras-Barra Funda, em São Paulo, em estações de nova geração são financiados pela AFD. Os estudos estão em desenvolvimento pelo consórcio Egis–Arep desde abril de 2018. A CODATU garante um acompanhamento técnico dos estudos.
Na semana de 25 de junho de 2018, foram realizados dois eventos para a apresentação dos resultados da primeira fase do estudo. A Missão 1 consiste no diagnóstico urbano, de mobilidade e de fluxos de usuários nas duas estações. Foram também contemplados os desafios a serem superados na implantação e as primeiras ideias de intervenção imaginadas pelos consultores.
A reunião técnica no Rio de Janeiro, realizada no dia 26 de junho, permitiu validar o diagnóstico realizado pelos consultores, confirmando a posição da Central do Brasil como vetor de crescimento e de dinâmica urbana da região central da cidade do Rio de Janeiro, mas, também, influenciando toda a metrópole fluminense. A presença dos diferentes modos de transporte garante à região da Central do Brasil um papel de centralidade e de polo de integração modal. Porém, a experiência do usuário neste transbordo poderia ser potencializada através, entre outras, da organização do comércio informal e de uma maior sensação de segurança. Por fim, os maiores fluxos de passageiros se traduzem no movimento trens metropolitanos e metrô. Fato interessante é o grande fluxo de pessoas que vão em direção ao centro da cidade, localizado a aproximadamente 1,5 km da Central do Brasil, caminhando. Tal fenômeno acontece por não haver integração tarifária entre os trens e os serviços municipais (ônibus e VLT), os usuários preferindo caminhar 20 minutos a pagar outra tarifa.
O workshop em São Paulo ocorreu no dia 28 de junho. Foi apresentado o importante papel da estação Palmeiras-Barra Funda como alavanca de desenvolvimento do bairro e da cidade, induzindo a instalação de importantes indústrias ao seu redor no início do século XX. Além disso, o fluxo de usuários é bastante significativo, sobretudo entre trens metropolitanos e metrô. Notam-se, igualmente, fluxos provenientes dos ônibus municipais e rodoviários, assim como pessoas que utilizam a estação como passarela entre os dois lados da via férrea. Por outro lado, foi mostrado que os percursos para pedestres poderiam ser valorizados e que a instalação de infraestrutura para bicicletas poderia incentivar o acesso à estação pelas ciclovias existentes. Quanto aos fluxos na estação, foi constatado que, além da grande transferência entre trens e metrô, o acesso mais utilizado é o acesso Sul, pela presença de inúmeras paradas de ônibus nas imediações, de universidades e de equipamentos de cultura e lazer. No entanto, verificou-se a existência de importantes conflitos de fluxos de usuários que deverão ser tratados durante o estudo.
Graças à diversidade de instituições representadas nos dois eventos, a dinâmica em grupo possibilitou a identificação dos critérios a serem utilizados para a avaliação das propostas de cenário nas próximas fases do estudo.
No Rio de Janeiro, foi sublinhada a importância de temas como inserção urbana e experiência dos usuários, especialmente no que se refere à segurança, à requalificação de prédios para habitação social, à organização da circulação de pedestres e veículos, a valorização da paisagem verde no entorno e a integração entre as diferentes instituições de governo e dos operadores.
Em São Paulo, destacou-se a relevância das questões de inserção urbana, de intermodalidade e de planejamento, especialmente em termos de rapidez de conexão entre os modais, de acessibilidade em geral e de orçamento e contratação.
Nas duas cidades também houve uma apresentação por parte de Etienne Lhomet, representando Lina Singer, paisagista de projetos de transporte urbano. Falou-se da importância da função de paisagista de transportes, enfatizando a inserção do traçado na cidade de maneira que o sistema de transporte seja legível e de fácil compreensão pela população, permitindo a apropriação social do mesmo. Esta apresentação complementou o leque de métiers envolvidos em projetos de mobilidade urbana que vem sendo apresentado desde o início da cooperação técnica com os dois estados brasileiros. Nos workshops anteriores, especialistas de diferentes perfis intervieram como os de arquiteto e urbanista, de engenheiro, de sociólogo, de economista, de geek e de businessman.
A segunda etapa dos estudos terá o objetivo de fornecer dois cenários de programação funcional para as estações e entornos, com uma ordem de grandeza dos custos de implantação. Os próximos eventos no marco dos estudos estão programados para acontecer na segunda semana de setembro.
Em dezembro de 2018, os resultados da terceira fase dos estudos permitirão avaliar a pertinência de levar adiante estudos aprofundados para a transformação em estações de nova geração.