Fórum Cooperação Técnica Brasil – A transição para uma mobilidade inclusiva e a construção de uma nova cultura urbana no Brasil
Nas últimas décadas, as cidades vêm buscando traçar uma nova trajetória de desenvolvimento mais ecológica e com menos emissões de gás carbônico. Para tal, as cidades devem passar por profundas mudanças organizacionais. Os compromissos assumidos na COP21 em Paris por diversos países, como o Brasil, no combate às mudanças climáticas, além de exigir ações rápidas e eficientes dos responsáveis políticos das cidades, conscientizam e incentivam mudanças no comportamento dos cidadãos, que buscam um ambiente mais sustentável hoje e para as futuras gerações.
No Brasil, a redução nos níveis dos investimentos em infraestrutura das cidades, inclusive certas dificuldades de governança e de planejamento das políticas públicas, configuraram uma verdadeira “crise urbana”. Este fato está relacionado ao período de incertezas que passam diversas cidades globais quanto a que trajetória seguir.
A mobilidade urbana é um dos pontos centrais no debate sobre o desenvolvimento sustentável, pois é, ao mesmo tempo, o resultado e o motor da organização das cidades e da cultura urbana. É um resultado, já que os longos deslocamentos se dão, principalmente, por conta das sérias dificuldades encontradas pelos poderes públicos no ordenamento do território, provocando o afastamento cada vez maior dos habitantes dos centros de atividades. E também motor, pois adotando uma nova estratégia de gestão da mobilidade urbana, privilegiando a caminhada e a bicicleta, promovendo um transporte público inclusivo e de qualidade, é possível refazer uma cidade mais agradável e desejável, com maior qualidade de vida, reduzindo o impacto negativo no clima.
Nos últimos anos, observa-se que o desenvolvimento de meios de transportes mais limpos e mais integrados à vida urbana tem atraído o interesse dos poderes públicos brasileiros. Além disso, nota-se o desejo dos cidadãos de poder interagir com a cidade e aumentar a cultura do “viver juntos” nos espaços públicos integrados a infraestruturas de transportes. Ainda, percebe-se uma maior preocupação em tornar o transporte público mais justo e atrativo para todas as camadas da população.
Neste contexto e no âmbito da cooperação técnica, organizou-se nos dias 6 e 7 de Dezembro em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente, o Fórum “A transição para uma mobilidade inclusiva e a construção de uma nova cultura urbana no Brasil”. O evento teve como objetivo valorizar as numerosas experiências testemunhadas no Brasil para tornar as cidades desejáveis.
Os fóruns contaram com apresentações de autoridades e técnicos paulistas e fluminenses, além de representantes da Embaixada Francesa, do Ministério da Transição Ecológica e Solidária da França e de Bordeaux Métropole. A troca de experiências foi muito rica durante os eventos visto a diversidade de instituições representadas, como prefeituras (Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Teresina, Fortaleza, Manaus, Belo Horizonte, entre outras), operadores de transporte, agências de desenvolvimento, ONGs, consultores, instituições de pesquisas e universidades.
As diferentes apresentações permitiram capitalizar os avanços na implementação de sistemas de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), governança dos transportes urbanos e a transformação de estações multimodais.
VLT: um dos vetores do renascimento urbano
O primeiro painel deu espaço para a apresentação de projetos de VLT brasileiros em andamento (Niterói, Guarulhos, Pavuna-Arco Metropolitano) ou já implantados (Rio de Janeiro, Baixada Santista, Bordeaux), o que gerou uma dinâmica interessante entre os painelistas, já que os projetos em funcionamento, seus acertos e suas dificuldades, servem de inspiração para os projetos que em surgimento.
Gestão e tarifação dos transportes urbanos
No segundo painel, foram apresentadas iniciativas de Teresina, da Baixada Santista e da Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo que visam melhorar a governança, o planejamento e a política tarifária dos transportes urbanos.
Estações de nova geração como alavancas das cidades
O último painel foi reservado a projetos com objetivo de transformação de estações multimodais e da requalificação do entorno urbano. Foram discutidos os casos das estações Palmeiras-Barra Funda (SP) e Central do Brasil (RJ), além da estação de trens metropolitanos de Queimados, na Baixada Fluminense. Também foram apresentadas as recentes ações de Fortaleza em termos de mobilidade e urbanismo, reorganizando os espaços públicos da cidade.
Além dos painéis temáticos, foram apresentadas:
- as políticas públicas francesas para a renovação das cidades através da política de transportes
- a iniciativa AllCities4OnePlanet e o Guia Prático para Organização do Dia sem Carro