Delegação brasileira visita as redes de transporte de Bordeaux, Paris e Strasbourg
No âmbito das cooperações técnica assinadas entre a AFD, IdF Mobilités, o Estado do Rio de Janeiro (ERJ) e o Estado de São Paulo (ESP) em mobilidade urbana, das quais a CODATU organiza as atividades, uma viagem técnica de uma delegação brasileira na França foi organizada de 20 a 24 de novembro de 2017.
Com o intuito de fortalecer as conversas iniciadas nos workshops realizados no Brasil e de permitir aos brasileiros de ver com os próprios olhos alguns dos exemplos apresentados, a visita focou nas seguintes temáticas: (i) a governança metropolitana e dos transportes urbanos, (ii) questões financeiras de uma política de transportes urbanos, (iii) os sistemas de veículo leve sobre trilhos (VLT) e de tram-train (implantação, operação e manutenção), (iv) a integração urbana dos projetos de transporte e de polos intermodais. A delegação brasileira se reuniu com diferentes instituições francesas (autoridades organizadoras de transporte, operadores e escritórios de urbanismo) e visitar as redes de transporte público e de mobilidade, assim como os projetos associados, afim de dar elementos de reflexão e de comparação que ajudarão as iniciativas brasileiras.
O grupo de atores brasileiros era multi-institucional e multi-setorial. De um lado, a delegação do Rio de Janeiro, composta por 6 pessoas, tinha representantes da Casa Civil, da SETRANS, da AGETRANSP, da Câmara Metropolitana de Integração Governamental e da Prefeitura do Rio de Janeiro. Por sua vez, a delegação de São Paulo tinha 5 profissionais, representando a STM, a CPTM, a EMTU e o METRÔ. Esta diversidade de instituições proporcionou um diálogo interinstitucional muito rico entre os participantes.
A visita das redes de transporte e dos atores de Bordeaux, Paris e Strasbourg proporcionou um cenário de sistemas de diferentes tamanhos e organizações, cuja eficiência e governança são reconhecidas internacionalmente. Bordeaux é uma cidade de 1 milhão de habitantes e marcada por uma renovação de seu centro histórico através da implantação de um sistema de VLT e, hoje, pela renovação do bairro ao redor da estação ferroviária motivada, essencialmente, pela chegada da linha trem de alta velocidade (TGV). Paris possui 12 milhões de habitantes e construiu, ao longo do século XX, uma rede densa de metrô, complementada por modos intermediários, como o VLT e o Bus with High Level of Service (BHLS). Strasbourg é uma cidade de 500 000 habitantes, famosa por ter construído uma rede integrada de VLT e incentivado o uso de modos ativos (bicicleta e caminhada).
Os desafios de implantação de uma linha de VLT
Em 2016, o ESP e o ERJ inauguraram suas primeiras linhas de VLT em Santos-São Vicente e no Rio de Janeiro. Visitando Bordeaux e Strasbourg, a delegação brasileira pode ver as diferentes formas de inserção urbana de um VLT e, também, de operação em troncos comuns ou em serviços parciais. A visita da linha de tram-train T11 Expresse, na região de Paris, revelaram as razões da escolha por este modo de transporte e o transporte urbano como city-booster.
Os parceiros franceses insistiram no fato que se deve pensar no VLT como uma rede, desde o início de sua concepção, e não somente como uma linha única. Isto permite, notadamente, às cidades de economizar investimentos fazendo pátios de manutenção comuns a mais de uma linha. Também foi citada a importância de se ter um único centro de controle operacional (CCO) para toda a rede.
Uma infraestrutura de transporte, mas também um lugar de vida
As visitas às estações de Saint-Lazare em Paris, Bordeaux Saint Jean e Gare de Strasbourg salientaram a importância de conceber as infraestruturas de transporte como um pedaço da cidade, oferecendo aos usuários e à vizinhança serviços e comércios.
No mesmo sentido, os brasileiros constataram que os projetos de VLT são sempre componentes de projetos urbanos maior, do qual o transporte é o fator estruturante. A delegação pode ver que o projeto de transporte sempre está acompanhado da criação de habitações, de serviços e de comércios e do reordenamento dos espaços públicos.
A governança metropolitana e dos transportes urbanos
Encontrar Bordeaux Métropole, IdF Mobilités em Paris e a Eurométropole de Strasbourg permitiu à delegação entender as características de uma autoridade organizadora de transporte influente. Ela deve portar a visão de conjunto do sistema de transporte da cidade, ela deve colocar em prática mecanismos de financiamento que demande dos beneficiários da rede (os usuários, mas também as empresas) e ela deve se dotar de uma expertise contratual afim de ter uma relação de igual para igual com os operadores. A delegação ficou impressionada, especialmente com a capacidade de negociação do poder público com os atores privados.
Por último, os brasileiros puderam também compreender os desafios de mudança das políticas tarifárias, passar de uma tarifa por zonas para uma tarifa única, de uma política social para uma política solidária, o que estas iniciativas representam em termos de acesso à mobilidade para a população e os impactos sobre a saúde financeira do sistema.
Os feedbacks dos brasileiros sobre a viagem foram muito positivos. Eles viram, principalmente, a importância de desenvolver uma visão da cidade que se queira modelar e, a partir dela, planejar os projetos de transporte e mobilidade no curto, médio e longo prazo.
>> Relatório da visita (disponível em breve) <<